A vinda de Jesus

Eu encontrei Jesus!

Foi em uma quinta-feira, dia 03 de maio de 2007, mais ou menos às oito e meia da manhã, na Rua Ibituruna, ali na Praça da Bandeira, próximo à passarela que atravessa a Radial Oeste, vinda do metrô.

Quando encontrei Jesus eu não estava só: comigo estavam ainda Leandro e David, o que pode fazer de nós uma espécie de “três Reis Magos pós-modernos”. Não tínhamos mirra, ouro ou incenso, mas oferecemos, em compensação, muita simpatia, diversão e risadas em homenagem àquela amizada que ali nascia.

Minha primeira impressão desse encontro tão, digamos, iluminado, foi a de que Jesus, além de pop, é uma figuraça. e o melhor é que, mensalmente, ela viria dar o ar de sua graça, vinda diretamente de Belém, para realizar o milagre da multiplicação das piadas – especialmente as piadas prontas e trocadilhos infames envolvendo sua condição divina. E ela, com a paciência dos virtuosos e a paz dos justos, não só nos acolheu, como ainda colaborava com trocadilhos mais infames ainda.

Mas Jesus também sabe falar sério, e uma de suas pregações (que podemos aceitar como o “Sermão da Montanha” de nosso humilde blog) está aqui, neste mês, em que comemoramos seu aniversário.E acho que convém escrever algumas linhas sobre isso.

Talvez não tenha sido coincidência que a proximidade com o Natal tenha sido escolhida como a época em que nossos irmãos de Santa Catarina e, agora, de Minas Gerais, tenham sofrido tanto com as chuvas. Justamente nestes dias que antecedem a data em que se comemora o nascimento de Jesus seus ensinamentos têm sido invocados com mais intensidade, desespero até. E alguns de nós têm atendido a este chamado de boa vontade, com o coração, despindo-se de seus bens para auxiliar aqueles que não só perderam tudo, mas, em alguns casos, perderam todos. Aqueles que colaboram nos enobrecem e orgulham, sendo verdadeiramente filhos de Deus.

No entanto, outros de nós, inacreditavelmente tomados de total ausência de escrúpulos e desprezo pela vida humana, recolhem donativos para depois vendê-los aos desabrigados, saqueiam lojas e supermercados para levar bebidas e cigarros, saqueiam os próprios postos de recolhimento de donativos, aproveitando-se, muitas vezes, do fato de serem voluntários na distribuição do socorro. Vários agentes públicos, eles próprios responsáveis pela manutenção da ordem e pela coordenação dos trabalhos, abusam de sua posição, chacoteando da boa-fé e da esperança das pessoas, jogando-as na lama junto com o que resta das cidades arrasadas. Que a Justiça divina cuide dessas almas perturbadas, e nos ensine a perdoá-las, porque (espero) elas não sabem o que fazem.

Grandes tragédias trazem grandes oportunidades de crescimento interior, de evolução espiritual. Hoje estamos diante de uma delas, e temos ido mal, muito mal. Os sentimentos de igualdade e solidariedade humanas, que deviam animar nossos passos todos os dias, foram, como vêm sendo mais a cada dia, ignorados, seja pelo materialismo de uns, seja pela indiferença de outros.

É hora (como é hora!) de retomarmos os ensinamentos de Jesus: amar-nos uns aos outros; amar aos nossos inimigos; oferecer a outra face; perdoarmos para sermos perdoados. Só assim conseguiremos alcançar nossos objetivos de evolução (moral, de verdade, e não a meramente material, estéril e efêmera), tornando-nos pessoas melhores e justificando a vinda de Jesus à Terra.

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